
Dando continuidade em nosso post anterior, como prometemos, hoje, trazemos para vocês as melhores práticas de conscientização contra as Fake News nas instituições de ensino, que valem também para todos em geral.
1. Evidencie métodos de apuração
A apuração consiste no processo de analisar a veracidade de uma notícia. Para tanto, é necessário ensinar aos discentes as etapas para apurar se um conteúdo é verdadeiro. Através da minha expertise na área de Comunicação Social – Jornalismo, exponho algumas dicas pra vocês. Confira:
Conferir a fonte, o site e o autor do conteúdo
Uma façanha comum dos sites que publicam fake news é usar nomes e endereços parecidos com o de sites que têm credibilidade no mercado. Sendo assim, é preciso conferir se o endereço do site é confiável e se os demais conteúdos publicados são duvidosos ou não e quem é o autor. É importantíssimo checar se a página não é um site de piadas, que pode utilizar o humor para ironizar ou confundir os fatos.
Também é indicado visualizar a estrutura do texto, pois conteúdos com informações falsas costumam apresentar erros de formatação, de português e uso exagerado de pontuação. Oriente o aluno a ler todo o conteúdo, e não só o título e intertítulos, visto que muitas vezes as chamadas das fake news não condizem com o assunto tratado em sua estrutura.
Estar atento na data de publicação
Outra característica recorrente das informações falsas é resgatar notícias antigas e relacioná-las com acontecimentos atuais. Nesse sentido, os alunos devem sempre prestar atenção à data de publicação da matéria, analisando se corresponde à atualidade.
Pesquisar em sites com credibilidade
Ao receber uma notícia bombástica, é fundamental que o aluno pesquise sobre o assunto em sites com credibilidade. Caso a notícia não apareça nessas páginas, é sinal de que se trata de uma informação falsa.
2. Fale sobre técnicas de manipulação de imagens e notícias
Em época de disseminação desenfreada de fake news, o ditado ‘’uma imagem vale mais que mil palavras’’ deve ser repensado. Isso porque pessoas mal-intencionadas distorcem imagens por meio de ângulos ou photoshop para transmitir uma mensagem equivocada.
Os educadores devem exibir aos alunos imagens manipuladas e compará-las com as imagens verdadeiras, elencando os pontos que as diferenciam. Eles devem falar sobre como uma foto pode ser manipulada a partir de editores de imagem e quais são os indícios de que uma imagem foi modificada.
Com esse conhecimento, os discentes terão mais facilidade para reconhecer imagens verdadeiras e falsas, o que faz com que tenham mais cautela na hora de compartilhá-las nas redes sociais.
3. Estimule o senso crítico
O senso crítico é definido como a capacidade que o ser humano tem de analisar, refletir e buscar informações antes de tomar uma decisão. Para estimular o senso crítico dos alunos, é preciso discutir com eles qual é a natureza da verdade. Afinal, transmitir informações falsas para influenciar a percepção dos indivíduos é má-fé e agir de má-fé é crime. Entretanto, as interpretações a respeito da informação correta são diferentes, o que pode dar margem para várias verdades.
Para compreender cada interpretação da verdade há que se discutir o contexto, considerando as bases e narrativas que a sustentam, como econômica, política e religiosa. Esse tipo de discussão deve ser permanente no âmbito escolar. Desse modo, todo o conteúdo introduzido nas aulas precisa ser contextualizado, evidenciando quem o escreveu e quais passos foram dados para chegar a uma determinada conclusão.
Em decorrência do avanço do volume de desinformações que circulam na internet, é crucial que a escola cumpra o seu papel de ensinar a pensar, fazendo com que o aluno tenha capacidade para identificar conteúdos verdadeiros e mentirosos e, a partir daí, desenvolver a sua própria opinião sobre os temas.
4. Ensine a diferenciar propagandas e notícias
A dificuldade para distinguir uma propaganda de uma notícia pode fazer com que os estudantes façam interpretações baseadas em informações inverídicas. Por isso, é altamente recomendado trabalhar junto aos discentes quais são as diferenças entre notícias e propagandas.
Reúna materiais publicados na internet e exponha a linguagem publicitária dos textos criados com o intuito de divulgar um produto ou serviço, apontando a adjetivação normalmente empregada nesse tipo de conteúdo. Em seguida, exiba notícias e evidencie as características da linguagem jornalística, que procura se ater aos fatos.
5. Auxilie na identificação de fontes confiáveis
O que não falta na internet são sites repletos de notícias, mas nem todos são confiáveis — inclusive, há aqueles que são criados especificamente para espalhar fake news. Se não souber identificar essas plataformas, os estudantes podem utilizá-las como referências para a realização de trabalhos escolares, por exemplo.
Sendo assim, as crianças e adolescentes devem estar preparados para reconhecer fontes confiáveis na internet. Para isso, ensine-os a criar o hábito de pesquisar o mesmo conteúdo em sites diferentes, dando preferência para aqueles que são mais bem conceituados, checar a autoria do texto ou imagem, bem como buscar o contraponto da notícia. Se uma notícia expressa exatamente aquilo que alguém pensa, ela pode ter sido criada para confirmar uma opinião. Os textos noticiosos sempre trazem os dois lados de um fato.
As fake news nas escolas podem ocasionar um estrago enorme, pois causam desinformação entre os alunos, fazendo com que acreditem em conteúdos mentirosos, que alteram a sua percepção do mundo — condição que afeta o seu desenvolvimento não só como estudantes, mas também como indivíduos.
Tratar esse assunto nas instituições de ensino é imprescindível para que os discentes contribuam para com uma sociedade com mais pensamento crítico e discernimento suficientes para não acreditar cegamente em figuras de autoridade.
A tecnologia pode ser utilizada de maneira a preservar o aprendizado individual e, ao mesmo tempo, auxiliar na construção de um mundo melhor, mas nós como jornalistas, comunicadores, discentes e educadores devemos auxiliar na construção desse mundo digital, porém, justo.